sexta-feira, 25 de março de 2011

Carta nº 1: Adeus, Marley.

Nesse momento, filha, enquanto escrevo, vejo seu pai sentado no quintal chorando copiosamente por causa do Marley, que acaba de ter sua primeira convulsão, no dia seguinte a ter parado de andar. Mesmo que eu ñ olhe ouço-o chorar, como criança. meu coração fica pequenino e ñ sei o que fazer para consolá-lo. Preferia morrer à ver ele sofrer assim. Estamos fazendo todo o possível para salvar seu cachorro mas parece que as coisas só pioram. Sim, filha, seu cachorro. Seu pai e eu pensamos que uma família ñ é completa de verdade se ñ tem um cão e queríamos que vc qdo aqui chegasse já encontrasse um filhote...como vc. Desejávamos que crescessem juntos, que descobrissem o mundo e as brincadeiras, a delícia das piscinas e das corridas... juntos! Imaginávamos nós dois levando vcs ao parque e o Marley correndo atrás dos pombos com vc gritando e rindo atrás dele.
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Enquanto escrevia esse último trecho seu pai me gritou lá do quintal.  Houve outra convulsão. Ficamos os 2 chorando lá fora, atônitos. Seu pai chorando pelo Marley e eu chorando pelos 2. Vieram outras convulsões. Uma atrás da outra. Contei um total de onze. Não davam trégua nem pro Marley respirar um pouco...estavam emendando uma na outra. Depois de muito choro viemos pra dentro pesquisar na net um vet 24 h aqui por perto...ficamos de olho e as convulsões ñ paravam. Eram 22h qdo disse pro seu pai que se o cão continuasse desse jeito ñ chegaria a virar o dia. Seu pai socou a parede do quintal...ele sempre faz isso qdo está muito bravo, vc vai ter chance de ver...e cortou o dedo. Qdo ele está assim é melhor ñ tentar contê-lo!
Era um misto de raiva, tristeza e indignação, afinal, compramos o Marley há apenas um mês! E pelo visto já trouxemos ele doente.
Achamos uma clínica 24h , liguei pra lá e qdo nos preparávamos pra sair seu pai foi dar uma olhada no Marley. Dessa vez me gritou com a voz abafada, qdo olhei pra trás vi seu pai entrar em casa aos prantos e fui ao seu encontro assustada. Perguntei o que foi e fui em direção à porta. Ele ñ me deixou sair. Me abraçou e disse:"acabou! Ele foi embora!" E nisso pôs a cabeça no meu ombro e chorou um bom tempo. Eram 23h.
O cão era pra vc mas seu pai e Marley tiveram um amor à primeira vista. Ele sempre quis um cão grande, forte e desejava muito que fosse um labrador. Qdo o viu pela primeira vez ñ me deixou sequer ver os outros cães, se agarrou naquele e ñ soltou mais. Qdo olhei nos olhos dele entendi que "era aquele".
Trouxemos o cão no mesmo minuto e compramos tudo o que um cão mimado poderia ter. E lá na loja mesmo ele ganhou o nome de Marley, como no filme e no livro 'Marley e eu'.
Marley era obediente e inteligente como nunca vi outro cachorro ser. Achou o ralo do quintal pra fazer pipi e cocô no primeiro segundo que entrou aqui. Tbm sabia o nome dele como se tivesse nascido com esse nome. Ganhou cama, casa, galinha, bola, ossos de vários tamanhos e uma camisa do papai pra cheirar já que ñ desgrudava dele. Mas ele só gostava mesmo da camisa...rs.
Pra brincar ele preferiu as plantas amadas do seu pai, os frascos de álcool e água sanitária, um pregador de roupa e o meu chinelo e do seu irmão. Tudo destruído...rs.
Marley e eu passávamos as tardes aqui sozinhos e onde eu ia ele ia tbm. Eu lavava a louça e ele estava deitado ao lado da geladeira. Eu ia pro banho e ele pra debaixo da pia. Qdo eu vinha ver tv ele dormia sossegado ao lado do sofá. E qdo seu pai chegava do trabalho ...eita alegria sem tamanho!! Acho que ele passava o dia todo ansiando pela chegada do seu pai. Era bagunça na certa...rs.
Marley adorava correr atrás das garrafas pet e aquilo fazia um tremendo barulhão...às vezes eram 3, 4 garrafas ao mesmo tempo espalhadas pelo quintal. Mas depois de tirarmos as plantas, pregadores, sapatos e tudo o mais do quintal ñ havia outro jeito...

Enfim, filha, hj completamos 32 semanas mas perdemos nosso Marley...o dia ñ foi de todo feliz. Por enquanto seu pai ñ quer outro cão mas sei que ñ tardará ele mudará de idéia. Talvez o coração dele ñ amoleça mais como amoleceu pelo Marley nem ele se doe tanto como fez dessa vez mas ainda teremos nosso cachorro grande, forte e bobo. Um pra vc brincar, montar, puxar as orelhas...pra te derrubar no chão com uma lambida enquanto vc tenta ficar de pé, pra roubar as suas bolachas e te deixar brava...
Mamãe agora vai dar atenção ao seu papai que ainda ñ parou de chorar. Aliás, filha, ñ queira vir ao mundo antes da hora, tá?! Seu pai é bem grande e forte mas só tem tamanho. Ele é frágil e sensível e precisa de mulheres fortes ao seu lado nos momentos difíceis senão ele desmorona. Tem corpo de touro mas coração de menino e alma de anjo. Portanto conto com vc, viu! Cresça bastante e fique bem forte antes de nascer pra me ajudar a cuidar dos meninos aqui de casa.
Seu irmão chorou, chorou e dormiu...agora vou tentar pôr seu papai na cama tbm.
Boa noite, filha...e parabéns por mais uma semaninha.
Amamos vc!!





















2 comentários:

  1. Ai Nina mulher grávida é foda né?!tô aqui derramando que nem cachoeira em dia de enchente...Eu sou apaixonada por animais,e só de saber que um pequeno se foi assim,tão cedo me parte o coração.Sinto muito por sua perda,sei que deve ser muito difícil pois se perco um dos meus bebês felinos não sei o que faria.Essas horas nada consola então só me resta deixar aqui meus pêsames...
    Bjos pra vocês

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  2. Sinto muito por vcs! Eu tbm passei por uma situação parecida. e sei como doi essa sensação. Mais ainda da tempo de ter outro. e vc verá que uma hora essa dor de perda e de saudade será transformada em lembranças boas. fik com Deus!!!

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